Breve Introdução

Este Blog foi feito para o trabalho da Iniciação Científica da Escola Móbile iniciado em Julho de 2008. Seu tema principal é O Nazismo pelo olhar dos alemães. Nele, falo sobre todos os períodos desse movimento, focando principalmente o Terceiro Reich e a Atualidade, e seu maior precursor: Adolf Hitler. Nesse trabalho há inúmeros textos feitos com pesquisas cujas fontes são filmes, livros, pessoas e a internet. Os temas tratados dentro do assunto são diversos e não são de caráter político. Esse blog não é um fórum de debates, muito menos de apologia ao Nazismo. O leitor encontrará inúmeros pontos de vista, mas o objetivo principal não é de inciar um debate político ou ideológico. São apenas de informações históricas, com o mínimo possível de opiniões políticas pessoais.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nazismo na Atualidade II

O mundo pós Segunda Guerra Mundial não esqueceu totalmente as atrocidades cometidas e um dos períodos mais obscuros na história. Qualquer guerra deixa marcas e lições a serem aprendidas, mas mesmo assim muitos optam por não aprendê-las. Por outro lado, outros optam por homenagear os injustiçados e fazer o que precisar para que o mundo não caia no mesmo erro. Depois de mais de 60 anos da Segunda Guerra, o Holocausto, o Nazismo e a época Hitlerista ainda são assunto.
Em Dezembro de 2003, o Parlamento Alemão decidiu construir um memorial para os centenas de homossexuais perseguidos ou mortos pelos nazistas. Ficou decidido que seriam destinados 610 mil dólares para a construção do memorial em Berlim. Em torno de 50 mil gays foram considerados “criminosos” ou “degenerados” pelo Terceiro Reich, sendo que entre 10 e 15 mil foram mandados para os campos de concentração. Em 2002, as autoridades alemãs emitiram um pedido de desculpas formal para os gays perseguidos pelo nazismo, mas isso só ocorreu após terem sido derrubadas objeções conservadoras à medida.
O memorial foi feito no Parque Tiergarten, perto de outro futuro memorial para o Holocausto, e foi inaugurado em Março de 2008. As vítimas gays do nazismo tiveram uma longa luta para serem reconhecidas. “O monumento busca honrar o longamente ignorado grupo de vítimas, além de se posicionar contra a ainda existente intolerância contra os gays.”, escrito pelo jornal Estado de São Paulo. Até 1969 uma lei contra o homossexualismo ainda vigorava na Alemanha e mesmo após ser revogada, a descriminação ainda continuou e continua até hoje, por isso demorou tanto para que eles fossem reconhecidos. Os Partidos Verde e Social-Democrata votaram a favor do memorial, enquanto o Partido Cristão-Democrata votou contra.

Memorial construído para os gays em Berlim na Alemanha

Além de memoriais, a Alemanha tenta de algumas formas ressarcir os Judeus pelos danos causados à eles. Depois de 67 anos do Holocausto, em 2003, um tribunal na Alemanha ordenou que uma propriedade em Leipzig que pertencia a judeus deveria ser devolvida aos descendentes dos proprietários. Apesar de a propriedade ter sido vendida, foi levado em conta que os judeus daquela época eram extremamente pressionados pelos governantes a vender tudo que pertencia a eles, principalmente suas propriedades.
O imóvel a ser devolvido não é o único caso. Mais de 700 outras propriedades estão em julgamento em tribunais na Alemanha. Depois da reunificação do país em 1990, o governo deu um prazo de dois anos para os judeus reclamarem a posse de propriedades vendidas sob pressão ou confiscadas pelos nazistas e até hoje há casos como esse de propriedades não restituídas já que muitos judeus foram obrigados a se desfazerem delas.
Além de memoriais e devolução de bens, há exposições sobre o Nazismo que lembram os roubos cometidos. Na Áustria, em Janeiro de 2009, foi inaugurada uma mostra com bens roubados pelos Nazistas que durou até dia 15 de Fevereiro do mesmo ano. Ela se localiza em Viena, no museu MAK, e ela contém histórias de objetos e obras de arte roubados de dezessete famílias judias que mais tarde foram devolvidos aos donos originais. Há desde pinturas do século 16 do pintor alemão Lucas Cranach até objetos de uso cotidiano, como bengalas, móveis, livros e até uma coleção de botões. Além dos objetos roubados, também há pinturas cotidianas expostas cujo tema é o roubo e a restituição e entrevistas em vídeo com os descendentes dos proprietários originais. O objeto mais inusitado da exposição é um carro Fiat 522C de 1931 que pertencia a uma família judia.

O carro e a pintura de Lucas Cranach

Apesar de fazerem memoriais, exposições e ajudarem vítimas do holocausto e o nazismo, ainda assim há seguidores do nazismo, os neonazistas. Esse grupo de pessoas é geralmente racista, anti-semita, fascista e conservador. Um tipo de neonazistas é os White Power ou Bonehead (pejorativo), uma das ramificações dos chamados Skinheads, que em sua maioria não são nazistas e inclusive lutam contra o nazismo. Os White Power defendem a ideologia Neonazista ou Racialista. A origem desse grupo é na banda neonazista inglesa Skrewdriver e nas ações de outras organizações neonazistas National Front e British Movement, que uniram a xenofobia (bater em paquistaneses e outros asiáticos) com o nacionalismo, formando um movimento branco-separatista.
Entre 2006 e 2007, de acordo com notícias da BBC e do Estadão, crimes foram cometidos por participantes desse grupo de skinheads e apenas no final de 2008 foram condenados em Moscou na Rússia por 20 mortes por causa de racismo. Sete pessoas formaram um grupo e atacaram imigrantes não-eslavos de regiões asiáticas e do Cáucaso da antiga União Soviética. No período em que as mortes e outras 12 tentativas de homicídio ocorreram, a maioria do grupo era menor de idade e dois membros foram absolvidos por falta de provas. Pela maioria ser menor, o julgamento não foi mostrado para todos e sabe-se de poucos detalhes, mas aparentemente alguns admitiram a culpa e se demonstraram orgulhosos disso. De acordo com a organização não-governamental Escritório para os Direitos Humanos de Moscou, apenas em 2007, 74 pessoas foram mortas e 340 feridas em ataques racistas no país.
No Brasil também há um grupo de skinheads chamado Carecas, que possui um caráter patriota, ultranacionalista, conservador e fascista, sendo que eles são considerados neonazistas. Eles praticam ações violentas contra homossexuais, esquerdistas, diferentes tribos urbanas, drogados, judeus e prostitutas. Na região Sul e Sudeste do país há a maior manifestação desse grupo, que possui movimentos de independência e caráter branco-separatista. As gangues mais faladas são os Carecas do Subúrbio e os Carecas do ABC, ambas paulistas e muito mencionadas na mídia. Os Carecas do ABC mataram o homossexual Edson Néris da Silva em Fevereiro de 2000 por andar na rua de mãos dadas com seu companheiro Dário Pereira Netto, que fugiu e em 2003 três de seus participantes ameaçaram dois rapazes que vestiam camisetas com estampas de bandas punk rock a pularem pela janela de um trem em movimento, o que matou um rapaz e amputou o braço do outro.
Banner de um site de Explica o Neonazismo no Brasil
http://www.cefetsp.br/

Em Portugal também há outro grupo de Carecas, skinheads patriotas, nacionalistas e conservadores de extrema direita. O nacionalismo que eles defendem é da supremacia branca e do nazismo, pois para eles a verdadeira identidade portuguesa tem origem na raça branca.
Na França, um diferente grupo neonazista atacou túmulos de soldados muçulmanos no final de 2008. De acordo com a BBC Brasil “O presidente da França, Nicolas Sarkozy, qualificou de ‘racismo repugnante’ a destruição de centenas de túmulos de soldados muçulmanos no norte do país.” De acordo com a mesma fonte, esta é a segunda vez em menos de dois anos que a sepultura de combatentes da Primeira Guerra Mundial no mesmo cemitério militar de Notre Dame de Lorette parto da cidade de Arras, são atacadas por vândalos. Os danos nas 500 ou 576 lápides foram descobertos por um passante bemno dia em que se comemora o festival muçulmano, a Festa do Sacrifício. Estavam desenhadas Suásticas Nazistas e escritas frases insultando o Islamismo e a ministra da Justiça francesa Rachida Dati, que é muçulmana. Dois jovens simpatizantes nazistas já haviam sido presos por vandalismo meses antes e um deles já havia sido preso por deflagrar as mesmas sepulturas agora pichadas. A segurança do cemitério necessitou ser reforçada.
Sepulturas pichadas na França

Outro incidente envolvendo o Nazismo também aconteceu na Alemanha no começo de 2009, mas nada de violência. Pelo contrário, um simples engano gerou muita polêmica no berço do Nazismo. A empresa alemã Tchibo, maior torrefadora de café do país decidiu tirar de circulação cartazes cujo slogan parecia com um lema usado na época Nazista: “A cada um o que é seu”. A empresa teve que retirar de mais de 700 postos de gasolina Esso seus cartazes o mais rápido possível. O slogan foi utilizado no portãode entrada do Buchenwald, campo de concentração nos arredores de Weimar, no leste da Alemanha, mas a propaganda não tinha como objetivo ferir ninguém e muito menos remeter ao campo. Após um jornal alemão noticiar a gafe e empresa reconheceu a escolha “infeliz”, enquanto de acordo com a BBC Brasil, “o vice-presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Salomon Kom, classificou o incidente como "de uma falta de gosto insuperável" e um exemplo de ‘total ignorância histórica’”. Essa não foi a primeira vez que o engano foi cometido por uma empresa de publicidade, a própria Nokia, em 1998, utilizou a expressão para um de seus celulares, um pouco depois a rede de supermercados Rewe e mais tarde uma cadeia de lanchonetes fast-food.
Outra escolha de palavras acabou em uma confusão na Áustria. Um motorista de bonde austríaco utilizou a frase “Sieg Heil” ao se despedir de passageiros pelo auto-falante e foi despedido. A frase era uma saudação nazista que significa “Viva a vitória”, porém o motorista alegou ser apenas uma piada, nada para ofender. A notícia foi dada por um jornal judaico e um vídeo gravado por um celular rodou pela internet. O motorista pode até ser processado e pode receber uma pena de até 10 anos, já que o uso de símbolos nazistas é considerado crime na Áustria.

Bonde na Áustria como o que o motorista dirigia

Outro tipo de tentativa de luta contra a proliferação do Nazismo partiu da cidade Brunswick na Alemanha do Partido Social Democrata, que iniciou uma campanha em 2007 para revogar a cidadania de Hitler. O líder nazista teria conseguido sua cidadania alemã com ajuda de nazistas da cidade de onde provém a campanha, mas não apenas a cidade de Brunswick fez algo desse tipo, outras cidades alemãs já tentaram pedir a revogação, com a cidade Bad Doberan. Hitler deixou de ser austríaco em 1925 e recebeu sua cidadania em 1932, quando funcionários nazistas do governo de Brunswick teriam dado um cargo público a ele, fazendo com que ele a recebesse imediatamente. Com isso, ele pôde concorrer enfim às eleições daquele mesmo ano quando os nazistas aumentaram sua presença no Parlamento apesar de não conseguirem a presidência. Um ano depois, Hitler pôde se tornar Chanceler e assim foi traçando seu caminho até virar o Terceiro Reich. Contudo, a revogação da cidadania alemã de Hitler não mudará o passado e pouco afetará no futuro, mas pelo menos será um gesto simbólico que mostra o quanto a Alemanha quer se livrar das sombras desse passado obscuro.
Por último, ainda falando de Hitler, no texto Nazismo na Atualidade I, falei sobre um museu Madame Tussauds que seria inaugurado em Berlim e possuía um boneco de cera igual a Hitler, o que causou muita polêmica. No próprio dia da inauguração do museu, um alemão de 41 anos foi preso por decapitar o boneco.

Boneco de Hitler que foi decapitado

Com notícias como as citadas acima, podemos concluir que nem todos querem se livrar do passado Nazista, pelo contrário, o apóiam, mas uma maioria mais diretamente ligada, como austríacos, alemães e judeus, querem se desfazer das injustiças e concertar o que sobrou do passado. Para isso há mostras, memoriais, restituições de bens e punições severas para os apoiadores dos nazistas e para os pequenos erros que relembram o nazismo. Tudo isso mostra que o mundo inteiro, seja quem for não se esqueceu do período sombrio do Nazismo e mesmo quem tenta esquecer sempre irá se deparar com alguma notícia como estas, sempre relembrando o considerado erro e tentando de alguma forma ajustá-lo ou o perpetuá-lo.

Bibliografia
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/12/031212_berlimg.shtml
http://www.estadao.com.br/internacional/not_int178954,0.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Skinhead#Caracter.C3.ADsticas
http://www.estadao.com.br/internacional/not_int287760,0.htm
http://www.cefetsp.br/edu/eso/lourdes/historianeonazismobrasil.html
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/11/031127_alemanhag.shtml
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/12/081208_franca_tumulos_mv.shtml http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081029_nazismo_austria_dg.shtml http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081029_nazismo_austria_dg.shtml http://br.geocities.com/gurnemanzbr/imagens/z_antigo_novomilenio_mundo06.jpg
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/07/080705_hitlerdecapitadoebc.shtml http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2007/03/070313_hitlercidadania_ir.shtml